UMA VIDA, QUE CONTINUA A FLUIR
10/06/15
Uma vida longa é sempre motivo de admiração. Em alguns casos é, até, motivo de invejas. Mas, sejam quais forem os sentimentos despoletados, o que não há dúvida nenhuma, é que uma longa vida, geralmente, quer dizer muita informação recolhida e armazenada, daí resultando um conhecimento útil e utilizável.
No caso de uma organização sindical essa característica, resultante da longevidade, é ainda mais importante e promissora, na medida em que, até ao fim, virá sempre uma geração a seguir à última, que tudo irá fazer, para manter a organização herdada e para utilizar tudo o que as gerações anteriores lhes deixaram não só em conhecimento, mas também em conquistas alcançadas.
A nossa marinha mercante tem vindo a diminuir ao longo dos últimos anos, ao ponto de agora, a nossa frota registada no registo tradicional não passar de uma dúzia de navios. Quer dizer, nós que muitos dizem sermos um país de marinheiros, um país virado para o mar, que quer ser um dos maiores em zona económica exclusiva temos 12 navios e, por exemplo a Suíça, que nem mar tem, possui 38 navios. Algo está mal e ninguém me tira da ideia que uma das razões principais para tal situação é o abandono a que o sector foi votado pelos sucessivos governos.
Bom, o que eu queria dizer é que sem navios não temos postos de trabalho. Se não há trabalho não há motivação dos eventuais alunos para a Escola Náutica, e, se não há alunos não há diplomados.
Várias são as implicações de uma tal situação, mas relativamente ao Sindicato, a principal implicação, a médio prazo, é a sua extinção. A classe é cada vez menor e cada vez mais velha. Os jovens não cobrem os que nos deixam.
No passado dia 5 de Junho realizou-se o jantar comemorativo do Aniversário do Sindicato, com a presença de 53 pessoas e o mais novo dos presentes tinha 46 anos. A má notícia enquadra-se no que digo atráz, jovens ou não há, ou não participam. A boa notícia é que, contrariando todo este pessimismo, a comemoração era do 104º Aniversário, ou seja, 4 anos depois do primeiro centenário. Estamos pois, perante uma vida, que continua a fluir.
A união e determinação dos mais idosos motivará os mais jovens.