COMPANHIA AÉREA QUER TRANSFORMAR OS SEUS AVIÕES A GASOLINA, EM PROPULSÃO ELÉCTRICA

A Harbour Air, a maior companhia área de hidroaviões da América do Norte, está a preparar-se para tornar toda a sua frota elétrica. Ao todo, são 42 aviões que vão passar a ter um motor elétrico, naquilo que é um esforço para se tornar a primeira empresa de aviação do mundo a atingir zero emissões de carbono.

Segundo um comunicado lançado pela Harbour Air, a empresa canadiana está a trabalhar em conjunto com a magniX, fabricante de baterias e motores elétricos, para converter a sua frota de aviões movidos a combustíveis fósseis em aeronaves elétricas.

A parceria entre as duas empresas, argumenta, pretende “avançar a visão de um dia conectar comunidades com viagens aéreas elétricas limpas, eficientes e acessíveis”.

A companhia aérea diz que o primeiro passo vai ser transformar um DHC-2 de Havilland Beaver, aeronave comercial com espaço para seis passageiros, instalando-lhe um motor magni500, de 750 cavalos e totalmente elétrico. A Harbour Air espera conduzir os primeiros testes até ao final do ano, naquilo que diz ser um feito inédito na aviação.

Ao jornal Vancouver Sun, Greg McDougall, CEO e fundador da Harbour Air, disse que o objetivo deste primeiro protótipo passa por “testar esta tecnologia para o Transport Canada [o departamento governamental responsável pela regulação dos transportes no país] e obter certificação”.

Para McDougall, a aposta neste tipo de tecnologia é o futuro, já que “os motores de combustão interna estão obsoletos para desenvolvimento”, pelo que “está tudo a focar-se no elétrico”. No entanto, o CEO admitiu também que a reconversão terá de ser gradual, já que, de momento, a capacidade de bateria a ser implementada nestes aviões “é de meia hora, com mais meia hora de reserva”, ressalvando, porém, que essa situação “está a mudar muito rapidamente com o desenvolvimento tecnológico das baterias”.

Outra questão prende-se com custo desta tecnologia, difícil ainda de calcular pois a Harbour Air ainda está na fase de investigação e desenvolvimento, para além de que não se estão a construir aviões com motores elétricos de raiz, mas sim adaptar modelos antigos a tecnologia nova. No entanto, McDougall defende que “o custo é muito similar a colocar um motor de turbina na aeronave” e que, em termos de manutenção, as grandes vantagens passam não só pelo facto de que “um motor elétrico não tem de ser reconstruído a cada 2500 a 3000 horas”, como também reduz custos por “não consumir combustíveis fósseis”.

Operando ao longo do Noroeste Pacífico, a Harbour Air tem ao todo 12 rotas entre cidades como Seattle, nos Estados Unidos, Vancouver e Victoria, no Canadá, fazendo, em média, 30 mil voos comerciais e transportando 500 mil passageiros por ano.

No comunicado, Roei Ganzarski, CEO da magniX, lembrou que “em 2018, 75% dos voos comerciais no mundo foram de 1000 milhas (aproximadamente 1609 quilómetros)”, pelo que “com os novos sistemas de propulsão, em conjunto com crescentes capacidades de bateria”, Ganzarski vê “um potencial tremendo da aviação elétrica para transformar a classe de médio-curso, altamente congestionada”.

Este é mais um patamar ecológico a ser atingido pela Harbour Air, que, segundo McDougall, tornou-se “a primeira companhia aérea a atingir totalmente a neutralidade carbónica na América do Norte em 2007, ao fazer compensações carbónicas”.

O Canadá produz grande parte da sua energia elétrica a partir de fontes renováveis, principalmente a partir de fontes hídricas, fazendo do consumo de eletricidade maioritariamente limpo no país. Segundo os dados mais recentes do Ministério dos Recursos Naturais do Canadá, em 2016, 66% da eletricidade consumida no país veio de fontes renováveis, sendo 59% proveniente de fontes hídricas.

Fonte: SapoTEK