Será possível recorrer a um combustível alternativo nos motores atuais para garantir um maior respeito pela sustentabilidade do planeta? Nestes dias em que vemos a França a ferro-e-fogo, porque o governo aumentou significativamente os impostos sobre os combustíveis a questão ganha pertinência, sobretudo, quando o youtube é tão fértil em filmes sobre a utilização de água da chuva como carburante. Se a resposta a esta última pergunta é óbvia não deixa de estar na ordem do dia a urgência de alternativas às energias fósseis.
Será que essa alternativa já existe e está impedida de ser amplamente utilizada pelo boicote eficiente das grandes empresas petrolíferas, apesar dos custos quotidianos, que o seu adiamento implica para o planeta?
O motor a água é, obviamente uma mistificação, se não mesmo uma vigarice, mesmo se ela foi utilizada intensivamente nos motores a vapor do século XIX. No entanto o seu verdadeiro combustível era o carvão, porque a água é molécula extremamente estável: se a quisermos decompor temos de lhe aplicar muita energia.
Se quisermos optar por um motor a hidrogénio, há que levar em conta o facto de ele não existir autonomizado no estado natural, sendo necessário fabricá-lo. A eletrólise da água permite decompor o hidrogénio e o oxigénio, mas o custo em energia para o conseguir torna inviável a solução.
Há quem, na sua ignorância algo ingénua, proponha a reciclagem dos óleos já utilizados nas cozinhas dos restaurantes e lares domésticos, mas é desconhecerem que, além de vapor de água, de dióxido de carbono e outros elementos residuais decompostos, a capacidade energética remanescente é irrisória.
É evidente que há provas documentais em como o lobby do petróleo está ativo há pelo menos cinquenta anos, quando começaram a surgir os primeiros avisos dos cientistas quanto aos efeitos catastróficos no clima pela economia assente no consumo dos hidrocarbonetos. Data de então a criação de uma espécie de contraciência climática promovida por tal lobby.
Hoje é possível recorrer ao etanol em certos motores, havendo países como o Brasil ou os Estados Unidos onde a sua utilização é significativa. Mas a que custo? Um terço do milho produzido nas grandes planícies americanas destina-se a essa aplicação, o que leva muita gente a questionar-se se tais cereais não seriam melhor aproveitados na alimentação humana ou animal. Se o objetivo fosse o uso exclusivo de etanol nos transportes rodoviários seria preciso condenar o planeta à fome, e mesmo assim dificilmente seriam suficientes as atuais terras aráveis.
O recurso a biocombustíveis na Europa – que estipulou uma percentagem de 10% na utilização total dos combustíveis – tem sido prejudicado pelo resultado comprometedor com eles conseguido quanto à poupança na emissão de carbono para a atmosfera. É que fabricados a partir do óleo de palma, a desflorestação a nível mundial suscitada por tal produção, revelou-se mais gravosa para o planeta do que se não houvesse ocorrido tal alternativa.
Por ora, se quisermos conjeturar sobre combustíveis não poluentes, e sem levar em conta as muitas opções de energias renováveis (elas próprias com custos ambientais, quanto mais não seja no fabrico e eliminação dos seus lixos tóxicos!), só nos resta enfatizar o «óleo dos joelhos», que continua a movimentar as nossas bicicletas.