AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS DIZEM RESPEITO A TODOS

10/11/15

As preocupações ambientais, nomeadamente quanto ao aquecimento global, são um tema que vemos com frequência tratado nos órgãos de comunicação social, como se as mesmas constassem sempre das agendas dos líderes mundiais. Todavia, as políticas resultantes de tais preocupações bem como os seus resultados nem sempre são visíveis e algumas vezes nem chegam a sair do papel.

É por isso que temos o dever de assumir que as alterações climáticas dizem respeito a todos e não apenas aos tais “líderes mundiais”.

As preocupações com o tema são diferentes de região para região do nosso planeta, uma vez que os efeitos dessas alterações, afectando todos, afectam mais uns que outros.

Um estudo publicado em Outubro pela Revista Nature concluiu que o aquecimento global causará perdas económicas, aumentando o fosso social entre países do norte e do sul do planeta.

O estudo conduzido por três investigadores da Universidade da Califórnia e da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos conclui que países frios como Canadá, Rússia e Mongólia terão um grande aumento do PIB com o aquecimento – enquanto os países europeus devem ter apenas pequenos aumentos, sendo mais afectados os mais quentes e pobres: na África, Ásia, América do Sul e Médio Oriente, em cujos países se registarão grandes perdas no PIB per capita com as mudanças climáticas.

No final deste mês tem início em Paris a 21a Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas, espera-se que os líderes globais assinem um novo compromisso para limitar o aumento da temperatura do planeta a 2ºC acima da média pré-industrial. Este será o mais aguardado e importante encontro mundial para mitigar os efeitos do aquecimento global.

Um recente relatório do Instituto Meteorológico do Reino Unido adverte que o aquecimento global pode empurrar milhões de pessoas para a pobreza em todo o mundo. De acordo com o organismo, os gases com efeitos de estufa atingiram níveis recorde nas últimas semanas, sendo que em breve as temperaturas globais deverão aumentar um grau centígrado acima dos níveis pré-industriais.

Alerta ainda o mesmo organismo que as alterações climáticas terão consequências sobre a agricultura e a saúde, antecipando uma queda de 5% do rendimento das culturas agrícolas. Com efeito, os produtos tornar-se-ão mais caros e inacessíveis para as populações mais pobres, enquanto a subida das temperaturas e do nível da água haverá mais risco de inundações e de doenças.

No passado dia 30 de outubro, um relatório das Nações Unidas (ONU), que avaliou os planos de 146 países no que diz respeito ao combate às alterações climáticas, refere que as emissões de dióxido de carbono de 2010 para 2030 poderão subir cerca de 22%.

A ONU defende, por isso, que os países sejam mais ambiciosos nos seus planos de combate às alterações climáticas, alertando que se a temperatura aumentar mais de dois graus centígrados haverá impactos climáticos “significativos” em todos, mas principalmente nos países subdesenvolvidos.

Não pretendo criar medo e muito menos pânico, mas se ao nível das bases não formos abordando estes assuntos, obtendo informação suficiente para termos opinião, os líderes mundiais não se sentirão obrigados a pensar nas pessoas e no seu bem-estar, mas sim nos interesses dos grandes grupos económicos mundiais.