
10/03/16
Quando tentava encontrar o tema para este meu texto, tomava posse o novo Presidente da República, recentemente eleito pelos portugueses e, por isso, ouvi com atenção o seu discurso de posse.
Não necessitava de o fazer, mas faço-o, porque gosto de transparência e de assumir com frontalidade as minhas convicções. Não votei nele. Foram outras as minhas preferências. Todavia, eleito e empossado que está, é o representante do Estado e da Nação e por isso meu Presidente.
Do seu discurso, a maioria do qual não teria qualquer dúvida em subscrever, realço alguns pontos em que coincidimos e desejaria ver na prática.
Começo pelo texto de Miguel Torga que aqui replico:
«O difícil para cada português não é sê-lo; é compreender-se. Nunca soubemos olhar-nos a frio no espelho da vida. A paixão tolda-nos a vista. Daí a espécie de obscura inocência com que atuamos na História. A poder e a valer, nem sempre temos consciência do que podemos e valemos. Hipertrofiamos provincianamente as capacidades alheias e minimizamos maceradamente as nossas, sem nos lembrarmos sequer que uma criatura só não presta quando deixou de ser inquieta.
E nós somos a própria inquietação encarnada. Foi ela que nos fez transpor todos os limites espaciais e conhecer todas as longitudes humanas…
…Não somos um povo morto, nem sequer esgotado. Temos ainda um grande papel a desempenhar no seio das nações, como a mais ecuménica de todas.
O mundo não precisa hoje da nossa insuficiente técnica, nem da nossa precária indústria, nem das nossas escassas matérias-primas. Necessita da nossa cultura e da nossa vocação para o abraçar cordialmente, como se ele fosse o património natural de todos os homens.».
“…Assumir o Mar como prioridade nacional”, como era bom que tal se confirmasse.
Muitos têm vindo a falar neste tema, mas está difícil enxergar algo de concreto sobre esta matéria.
A nossa “Lei Fundamental continua a ser o nosso denominador comum.” Concordo em absoluto e desejo que todos e sempre assim o considerem.
“Defendê-la, cumpri-la e fazê-la cumprir é dever do Presidente da República.” Ficámos com a promessa de que “O Presidente da República será, pois, um guardião permanente e escrupuloso da Constituição e dos seus valores, que, ao fim e ao cabo, são os valores da Nação que nos orgulhamos de ser.”.
Ficámos também com a expectativa de, nos próximos cinco anos, vermos cumprida essa promessa.
Os portugueses têm ouvido ou lido, muitas vezes, palavras de esperança nem sempre confirmadas, o que os leva a considerar que dizer é muito mais fácil do que fazer. Vamos ver desta vez!