
Numa observação, nada científica, do que se diz nas redes sociais e do que se ouve da nossa juventude cria-se a percepção de que uns não sabem o que foi ou porque foi o 25 de Abril de 1974, outros sabem, mas acham que isso é passado, que hoje já não conta e, outros ainda, entendem que os “velhos” insistem em falar da ditadura, quando já temos uma democracia segura e consolidada, sendo, por isso, desnecessárias as comemorações do 25 de Abril.
Nós, os “velhos”, senhores de grande experiência, obtida por longa vida, temos a obrigação de contar a essa juventude “convencida”, que os riscos de a democracia vacilar são reais e que a alternativa não tem a graça que acham, sobre os chavões populistas que lhes chegam de hora a hora e que alegremente partilham. É bom que saibam que em ditadura falar é proibido e dizer o que se pensa não tem qualquer hipótese.
O 25 de Abril de 1974, levado a cabo pelos militares organizados no MFA (Movimento das Forças Armadas) foi o culminar de uma luta de décadas do povo português contra a ditadura e pela democracia, contra a guerra colonial e pela paz, contra a censura e pela liberdade de imprensa, contra os gastos com a guerra e pelo desenvolvimento, contra a pobreza e por uma vida digna para todos, enfim, pela liberdade!
É, por isso, uma data que nunca deve ser esquecida, mas antes relembrada e comemorada todos os anos!
25 DE ABRIL, SEMPRE!
Durante quase 50 anos os portugueses não puderam votar em liberdade. Tal só foi conseguido a 25 de Abril de 1975, um ano depois da “revolução dos cravos”.
O que mudou com a Revolução dos Cravos?
Muitas coisas mudaram. As indicadas a seguir são apenas algumas das mudanças mais importantes
ANTES | DEPOIS |
Só havia um partido político, a Acção Nacional Popular, que apoiava o governo | Passou a haver muitos partidos políticos |
Não havia eleições livres | Cada um pode votar no partido que quiser |
As mulheres só podiam votar se tivessem concluído o curso secundário | Toda a gente pode votar |
As mulheres não podiam viajar sozinhas para fora do País sem autorização escrita do marido | Mulheres e homens têm os mesmos direitos |
Havia uma polícia política, com milhares de informadores em toda a parte, que escutava praticamente todas as conversas. As pessoas que tinham opiniões contrárias ao Governo eram presas | Não existe polícia política e passou a haver liberdade de opinião |
As pessoas casadas pela Igreja não se podiam divorciar | O divórcio estendeu-se a toda a população |
Cada patrão pagava o que queria aos seus trabalhadores | Passou a haver um salário mínimo nacional |
As notícias só podiam sair nos jornais depois de terem sido lidas e autorizadas pelos Serviços de Censura | A Imprensa é livre |
Os jovens passavam quatro anos da tropa, dois dos quais na guerra | Acabou a Guerra Colonial. Uns anos mais tarde, o serviço militar deixou mesmo de ser obrigatório |
Vivemos em democracia, mas ela é tão frágil como um jardim, que deve ser regado e tratado todos os dias. É bom que a nossa juventude aprenda e pratique jardinagem!