Chama-se AI Portugal 2030 e pretende tornar a Inteligência Artificial acessível a todos os cidadãos, bem como ter um grande impacto no desenvolvimento dos transportes, agricultura, energia, aeronáutica, Espaço, segurança, indústria, economia azul, desenvolvimento urbano, mobilidade, observação da Terra e biodiversidade
A inclusão e a educação são os dois eixos decisivos para massificar entre toda a população o conhecimento sobre a Inteligência Artificial e desenvolver a sua aplicação em todas as áreas de atividade, salienta o Plano de Ação da AI Portugal 2030, a estratégia nacional para a Inteligência Artificial, a que o Expresso teve acesso.
O documento, integrado na Iniciativa Nacional Competências Digitais (INCoDe.2030) e na estratégia da UE para esta área, foi discutido esta terça-feira numa mesa-redonda no Instituto Internacional Ibérico de Nanotecnologia (INL) em Braga, com a participação de Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e de Khalil Rouhana, subdiretor-geral para as Redes de Comunicação, Conteúdos e Tecnologia (DG Conect) da Comissão Europeia (CE).
Rouhana visitou com uma delegação da CE alguns dos principais centros de investigação e empresas portuguesas ligados ao desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA), como o CEiiA (Centro de Engenharia e Desenvolvimento do Produto), a ALTRAN, o INESC-TEC (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência), a Bosch Car Multimedia, A Universidade do Minho (Instituto para a Biosustentabilidade, Centro de Computação Avançada do Minho e AIR Centre) e o próprio INL.
A AI Portugal 2030 pretende aumentar o impacto da IA no desenvolvimento dos transportes, agricultura, energia, aeronáutica, Espaço, segurança, indústria, economia azul, desenvolvimento urbano, mobilidade, observação da Terra e biodiversidade. E mobilizar o financiamento à inovação na Administração Pública, nas empresas e nas infraestruturas, assim como na formação e reconversão de profissionais com competências tecnológicas.
ENVOLVER A POPULAÇÃO PORTUGUESA NO DEBATE DAS PRIORIDADES
Para isso, a nova estratégia pretende também envolver toda a população portuguesa no debate sobre as prioridades da aplicação da IA. Como diz o documento, “acreditamos que o valor da Inteligência Artificial baseia-se também na sua capacidade para se tornar democraticamente distribuído”. Para isso, “é necessário investir na criação de mecanismos para armazenar, tornar disponível e distribuir dados e informação, assim como proporcionar educação digital aos cidadãos de diferentes contextos culturais, económicos e sociais, de modo a ganharem competências que beneficiem a sua vida”.
A AI Portugal 2030 aposta em quatro dimensões: fortalecer a sociedade, “através de uma visão dos impactos da Inteligência Artificial na democracia, privacidade, segurança, mercado de trabalho, transparência e equidade governamental e comercial”; promover a criação de emprego qualificado, o desenvolvimento económico e humano e a ciência e tecnologia.
Há precisamente dois meses, a ministra da Presidência e Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, revelou que já estão em curso 19 projetos-piloto na IA, computação avançada e ciência de dados, com um financiamento de quatro milhões de euros. Os projetos são desenvolvidos em parceria por instituições públicas e centros de investigação nas áreas da saúde, transportes, distribuição de água, prevenção do desemprego de longa duração e segurança alimentar. E está previsto, entre outros, um novo concurso para mais 19 projetos de IA na administração pública, envolvendo um financiamento de 10 milhões de euros.
TEXTO VIRGÍLIO AZEVEDO – Expresso