MULHERES QUE OUSAM – MULHERES QUE OUSARAM

10/07/17

Face à grande enchente, em tudo que são órgãos de comunicação social, com textos escritos sobre a grande tragédia que, recentemente, ocorreu em Pedrógão Grande, ou logo a seguir com textos sobre o assalto às armas, que temos guardadas, na expectativa de uma qualquer guerra em que possamos participar. Face ainda ao facto de hoje ser 10 de Julho, dia para comemorar o primeiro aniversário de um feito, conseguido em França contra a França, que nos fez entrar em delírio colectivo.

Face a tudo isto, era de crer que esta minha nota de abertura falasse sobre o grande incêndio que tirou a vida a 64 seres humanos, deixando muitos feridos, alguns às portas da morte ou do assalto ao quartel de Tancos de onde foi subtraído um volume significativo de armamento, ou do facto de termos sido campeões europeus de futebol, o ano passado neste mesmo dia.

Todavia, não foi esse o caminho que escolhi. De facto, em vez de qualquer desses temas, decidi falar das mulheres. Não das mulheres em geral. Não das mulheres das quotas. Não do dia mundial da mulher, que nem é hoje. Não das Mães, sempre tão bem guardadas nos nossos corações. Mas sim das mulheres que ousam, das mulheres que ousaram, das mulheres que desbravaram terrenos, abrindo caminhos.

Notarão, ao ler a nossa revista de hoje, que a mulher assume papel fundamental em dois artigos: o primeiro na história do SOEMMM e o segundo em pessoas/recordando. Aí se fala de mulheres que abriram caminhos para as que se lhes seguiram, as quais foram alcatroando esses caminhos tornando-os pistas, todavia ainda não isentas de espinhos ou outros escolhos.

No primeiro artigo, fala-se da colega Eng.ª Maria Luísa Batista Cardoso Pereira, que foi pioneira portuguesa na entrada das mulheres na difícil vida do mar, que a maioria dos nossos leitores tão bem conhece, abrindo assim caminho para muitas que se lhe seguiram. Eu quero aqui referir uma outra colega, Maria Lúcia Conceição Pacheco Silva, que fez carreira no mar e que alcançou outro feito de significativo relevo, o de ser a primeira Engenheira Maquinista Chefe da nossa marinha mercante.

Estas duas engenheiras simbolizam o querer, a coragem, a capacidade de estudo e de trabalho, a ousadia, necessárias para singrar na vida, na profissão, na sociedade onde quer que um cidadão viva e actue.

Eu tenho o grato prazer de referir que ambas as duas colegas têm vindo a fazer parte dos Corpos Gerentes do Sindicato dos Oficiais e Engenheiros Maquinistas da Marinha Mercante, aos quais me orgulho de também pertencer, dando em conjunto com todos os outros colegas o melhor de nós próprios para que a nossa classe profissional viva e progrida.