RESILIÊNCIA

10/02/17

A vida das Associações sempre foi difícil e tem vindo a piorar. Entre as razões para tal, suponho, podemos encontrar um cada vez maior individualismo. Cada vez mais as pessoas se isolam e menos consideram as outras e por isso serem levadas a entender que o associativismo é perfeitamente dispensável. Eu penso que estão errados os que assim pensam, mesmo que sejam muitos.

Se a vida das Associações é difícil, a vida dos seus símbolos ou dos seus apêndices é ainda mais difícil. No nosso caso a associação é o Sindicato e um dos seus símbolos é O Propulsor que tenho o prazer e orgulho de dirigir.

Ainda não desistimos de voltar à impressão em papel, mas neste momento continuamos sem condições de o conseguir, tendo de nos contentar com a edição digital. Mas esta situação deixa de fora, sem acesso à revista, um grande número de colegas nossos que não tem acesso à internet.

Algumas vezes nos questionamos sobre o interesse real do nosso trabalho. Para quem trabalhamos? Será que eles o acham importante? Será que eles o querem? Porque continuamos?

Como é do conhecimento de todos, têm direito a receber gratuitamente a revista todos os sócios do Sindicato com as quotas em dia. Hoje, quando me preparava para escrever este texto, sobre outro assunto, telefonou um Colega com 88 anos para saber quanto devia, porque queria pagar as suas quotas do Sindicato. Não tem acesso à revista e a sua necessidade do Sindicato é só sentimental, mas acha que deve continuar a pagar para manter o Sindicato e o “O Propulsor” vivos.

Foi aí que eu obtive as respostas para as minhas anteriores perguntas e decidi escrever sobre isso. Sobre resiliência, que é uma palavra que conhecemos da nossa formação como a propriedade que um material possui, que lhe permite resistir ao choque ou a capacidade que um corpo tem de reaver o seu formato original após ficar deformado por efeito de uma força ou de um impacto.

Conhecemos também o seu sentido figurado como sendo a competência ou capacidade de recuperar ou de se restabelecer, ou de ultrapassar obstáculos, problemas e/ou situações adversas. No fundo, levantar-se após a queda e continuar: fazer dos obstáculos força e carregar o que há para carregar.

Mas meus caros leitores o que de facto alimenta essa resiliência são atitudes como a de hoje, do Colega Pato Martins, que nos mostram que temos obrigação de manter vivos, para as gerações vindouras, as organizações e símbolos de uma Classe como a nossa.

Aproveito para dar os nossos parabéns à “Revista de Marinha” que comemora o seu 80º Aniversário, desejando que a sua resiliência lhe permita manter-se entre nós por muitos mais anos.