SÃO MARTINHO, CASTANHAS OU CASTANHADAS?

10/11/16

Na antevéspera do dia de São Martinho, que se comemora em muitos países, por esse mundo fora, principalmente na Europa, no dia 11 de Novembro, bebendo vinho, água-pé ou jeropiga, acompanhados de castanhas assadas ou cozidas com erva doce, o dia não foi agradável para muita gente, por esse mundo fora.

Neste dia, um acontecimento inesperado e surpreendente, deixou siderado meio mundo o outro meio, ficou na expectativa. Refiro-me à eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos da América.

Nada o fazia esperar. Até o próprio pareceu surpreendido. Mas a democracia é assim, o povo é que decide e o povo decidiu. Ganhou o discurso racista, xenófobo, machista e violento. Ganhou o inculto, que não consegue ver além do próprio umbigo e que está sempre disponível para puxar da arma para resolver a tiro, qualquer problema que se lhe coloque.

É de perguntar: foram castanhas ou castanhadas aquilo que o São Martinho nos trouxe?

São Martinho antes de ser beatificado como Santo, pela igreja católica, teve outra religião, foi soldado romano, converteu-se, foi ordenado bispo de Tours em 371 e fundou o mosteiro de Marmoutier, na margem do rio Loire, onde vivia em reclusão.

Pregador incansável, foi também o fundador das primeiras igrejas rurais na região da Gália, onde atendia tanto ricos como pobres. Morreu a oito de novembro de 397, em Candes e foi sepultado a onze de Novembro, em Tours, local de intensa peregrinação desde o século V.

É na data do seu enterro, três dias depois de ter morrido em Candes, que se comemora o dia que lhe é dedicado. Acredita-se que, na véspera e no dia das comemorações, o tempo melhora e o sol aparece. O acontecimento é conhecido pelo “verão de São Martinho” e é muitas vezes associado à conhecida lenda de São Martinho.

Diz a lenda, que num dia frio e chuvoso de inverno, Martinho seguia montado a cavalo quando encontrou um mendigo. Vendo o pedinte a tremer de frio e sem nada que lhe pudesse dar, pegou na espada e cortou o manto ao meio, cobrindo-o com uma das partes. Mais à frente, voltou a encontrar outro mendigo, com quem partilhou a outra metade da capa. Sem nada que o protegesse do frio, Martinho continuou viagem. Continua a lenda que, nesse momento, as nuvens negras desapareceram e o sol surgiu. O bom tempo prolongou-se por três dias.

A nossa gente diz “no São Martinho vai à adega e prova o vinho”. Acho que devemos seguir o conselho. Esquecer a eleição americana e rejeitar as castanhadas, bebendo uma pinga acompanhada de castanhas.

Bom São Martinho!